Laurissilva
A floresta Laurissilva [do latim laurus (loureiro), silva (floresta, bosque)] é dotada de uma espantosa riqueza e diversidade, reconhecida desde 1999 pela UNESCO como Património Natural Mundial, galardão único em Portugal e pertença Bio-cultural de toda a humanidade.
Esta floresta de espécie subtropical húmida, constitui um ecossistema de grande interesse do ponto de vista botânico e científico.
É considerada uma floresta relíquia do período Terciário que data de à 20 milhões de anos e que cobria extensas áreas do Sul da Europa e da Bacia do Mediterrâneo.
Laurissilva, habitat típico da região biogeográfica da macaronésia.
Alterações climáticas a nível global, como os períodos de glaciação, levaram à extinção desta floresta em latitudes superiores permitido, contudo, a sua permanência na área denominada de Região Biogeográfica da Macaronésia, onde o clima mais ameno garantiu a sua sobrevivência.
Estudos levados a cabo por NEVES (1996) [1] confirmam que na ilha da Madeira a Laurissilva estende-se por, aproximadamente, 15.000 hectares representando a maior área de floresta do tipo ainda existente.
Localiza-se essencialmente entre os 200 a 1600 metros de altitude e ocorre com maior significado na encosta Norte da ilha (Costa da Laurissilva), em zonas de difícil acesso e menos propícias à instalação humana e respetivas atividades.
Neste complexo e diversificado ecossistema, a vegetação é o elemento que mais sobressai. As árvores, de grande porte e muitas vezes centenárias, constituem verdadeiros monumentos naturais de que são exemplo o Til (Ocotea foetens) e o Loureiro (Laurus novocanariensis)). No entanto, é ao nível do substrato inferior que a flora desta floresta revela-se mais rica e diversificada, albergando numerosos endemismos ao nível dos substratos arbustivos e herbáceos, sendo também importante realçar as comunidades de líquenes e de briófitas (musgos) aí existentes.
Diversidade biológica da floresta Laurissilva
Na fauna os insetos, os moluscos terrestre e as aves assumem particular destaque com uma elevada taxa de endemismos, sendo o pombo-trocaz (Columba trocaz) a espécie mais emblemática desta floresta.
Esta floresta desempenha ainda um papel fundamental na manutenção do equilíbrio biofísico da ilha o que se reflete, essencialmente, ao nível hidrológico, uma vez que a Laurissilva é a principal responsável pela captação, retenção e infiltração da água proveniente da precipitação e nevoeiros, contribuindo desta forma para a reposição permanente deste recurso no solo.
A necessidade de conduzir e distribuir a água por toda a ilha motivou a construção de uma rede de canais de irrigação, as levadas como são conhecidas localmente. Estes canais hidráulicos estendem-se por várias centenas de quilómetros por entre áreas de floresta, túneis basálticos e campos agrícolas, constituindo uma das mais ricas peças do Património Cultural madeirenses, refletindo simultaneamente a intervenção do Homem na natureza sem que tal tenha afetado significativamente o funcionamento dos ecossistemas.
Levada do Caldeirão Verde
O extenso património natural que a floresta Laurissilva alberga encontra-se protegido por diversos estatutos, nomeadamente como Zona de Proteção Especial (ZPE) e Zona Especial de Conservação (ZEC) classificadas ao abrigo de Diretivas Europeias.
Referência
- [1] - NEVES, Henrique Costa & al, Laurissilva da Madeira, Parque Natural da Madeira, Funchal, 1996.
Outras referências consultadas
- Quintal, Raimundo, Veredas e levadas da Madeira, Secretaria Regional da Educação, Funchal, 1994.
- Secretaria Regional do Ambiente (SRA), A floresta Laurissilva da Madeira – Património Natural, Funchal, 2004.
- Silva, Joaquim Sande, Árvores e Florestas de Portugal – Madeira e Açores, Fundação Luso-Americana para o desenvolvimento, Lisboa, 2007.